Nesta segunda-feira, 20 de março, foram encerradas as inscrições para o 9º Santos Film Fest – Festival de Cinema de Santos. Foram dois meses exatos para que realizadores de todo o país pudessem inscrever gratuitamente seus filmes. E foram cerca de 700 produções inscritas, de várias partes do Brasil, entre curtas e longas-metragens – recorde entre as nove edições do maior e mais importante festival de cinema do litoral paulista.
“Estamos muito felizes de que os realizadores enxerguem no festival uma vitrine para suas obras”, destaca o diretor geral do evento, André Azenha. “Essa quantidade certamente resultará em qualidade e tem a ver com o tema desta edição, de retomada da cultura, do país”, ressalta a diretora de produção, Paula Azenha.
O tema desta edição é “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!”, retirada do clássico samba Volta por Cima, de 1962, de Noite Ilustrada e cujos versos se encaixam no momento de reconstrução do país após anos de negação e desmonte das ciências, da cultura, da educação e da história do Brasil.
“Essa música tem um refrão emblemático e que tem tudo a ver com a vida do povo brasileiro desde sempre, que precisa sempre se ‘virar nos 30’ devido às instabilidades que lidamos de tempos em tempos e precisamos superá-las. E, principalmente, é uma frase que dialoga com o momento, de reconstrução do país, resgate da nossa autoestima enquanto nação, da recolocação do Brasil na geopolítica mundial, pois estávamos isolados, do retorno dos apoios à cultura, à educação, à ciência, à diversidade”, explica o diretor geral André Azenha.
“Enquanto vitrine da produção audiovisual, precisamos estar atentos ao momento do país, e instigar a reflexão, o debate, o diálogo. E este tema vem de encontro a tudo o que acreditamos como cultura, como cinema enquanto ferramenta transformadora, educativa. Esperamos de alguma forma contribuir com este cenário de resgate e estamos confiantes de que os filmes inscritos terão essa energia de resistência, perseverança, empatia”, ressalta a diretora de produção Paula Azenha.
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Identidade visual
A identidade visual desta edição foi feita pela designer gráfico Márcia Okida. O logotipo do festival é assinado por Audrey Duarte. Para a identidade visual deste ano Márcia se inspirou em Saul Bass, designer favorito de grandes diretores como Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock. “Ele foi responsável pela maioria dos cartazes do Hitchcock, como Psicose, e tantos outros. Cartazes e aberturas. Tem estilo minimalista, conceitual, geométrico”, detalha Okida. As cores reúnem elementos do Brasil, do sangue relativo aos filmes de terror da mostra, e as setas indicam movimento, pessoas que estão indo a algum lugar, como os personagens de Central do Brasil.
Programação
O festival ainda divulgará os homenageados. Mas já estão confirmadas as sessões de cinema azul, voltada a crianças autistas, virada cinematográfica, sessões infantis na Praça do BNH, na Lagoa da Saudade, no Morro da Nova Cintra, além de ONGs e escolas públicas. E as mostras competitivas, virada cinematográfica, palestras e bate-papos. A nona edição está programada para acontecer de 20 a 27 de junho em vários espaços de Santos, entre salas de cinema, escolas, ONGs, praças, etc.
Sobre o festival
Realizado com sucesso em 2014 e 2015, ainda como Mostra Cine Brasil Cidadania, reunindo filmes de longa-metragem brasileiros contemporâneos inéditos na Baixada Santista, a partir de 2016, com a inclusão de produções estrangeiras e a necessidade de atender à demanda e aumentar a programação, passou a se chamar Santos Film Fest – Festival Internacional de Cinema de Santos.
Nestes anos, exibiu cerca de 580 filmes, nacionais e estrangeiros, promoveu mais de 130 atividades formativas gratuitas entre bate-papos, oficinas e masterclasses, além de exposições, lançamentos de livros e apresentações musicais com artistas regionais, envolvendo mais de 500 profissionais das mais diversas áreas culturais.
O Santos Film Fest vem ressaltando a importância da representatividade, com filmes e presenças de artistas negros, LGBTQIA+, mulheres. Com objetivos de ser uma vitrine para a produção audiovisual da Baixada Santista, colocar estes cineastas em contato com cineastas de outras cidades, estados e até países, fortalecer o intercâmbio cultural, preservar a memória cinematográfica, a formação de público para o cinema e a cultura como um todo, o caráter educativo e turístico da cultura, e o acesso público a bens culturais, o Santos Film Fest tem se caracterizado pelo caráter itinerante, levando sessões e atividades a áreas em situação de vulnerabilidade social de Santos, escolas públicas, bem como levando crianças de creches e escolas públicas ao Cine Roxy, e promovendo cinema azul, sessões voltadas a crianças PCD, em parceria com o grupo Inclusão Para Todos.
O SFF homenageou artistas como os atores Luciano Quirino (santista) e Ondina Clais, que passaram a batizar os troféus de homenagens do festival, as cineastas Eliane Café. Andrea Pasquini, Angela Zoé, Julia Katharine (primeira diretora trans a ter um filme no circuito comercial brasileiro), Adelia Sampaio (primeira cineasta negra brasileira a ter um filme no circuito comercial), Márcia Okida, designer gráfico responsável por criar o primeiro curso universitário a trabalhar o audiovisual em Santos, o crítico Rubens Ewald Filho, o ator Paulo Betti, os diretores Daniel Rezende, Sergio Rezende, Wagner de Assis e Rodrigo Aragão, além dos 15 anos do Instituto Querô. Realizou exposições sobre Sonia Braga, Julie Andrews, Rubens Ewald Filho (com o acervo pessoal do crítico), e voltadas à cultura pop. Em 2021 surgiu a Coleção Santos Film Fest, com livros no formato pocket registrando autobiografias de Adelia Sampaio, Ondina Clais, Rubens Ewald Filho, e as coletâneas de artigos Grandes Interpretações do Cinema Brasileiro, de Waldemar Lopes, e Grandes Curtas: Curtas-Metragens de Grandes Cineastas, de André Azenha. Todos estes livros estão disponíveis em versão e-book para download gratuito no site do festival.
Entre as pré-estreias e exibições hors-concours realizadas pelo evento, destacam-se a pré-estreia de Turma da Mônica Laços, ne abertura do festival em 2019, com presença de todo o elenco e do diretor Daniel Rezende, Benzinho, Ferrugem (com presenças dos atores protagonistas), SP: Crônicas de Uma Cidade Real, com o diretor Elder Fraga e elenco, Linha de Frente Brasil, também de Elder, entre outros.
Entre os clássicos, exibiu Fellini Oito e Meio, em cópia restaurada 4K, Dona Flor e Seus Dois Maridos (celebrando 40 anos do lançamento de uma das maiores bilheterias do cinema nacional), Hair, etc.
Tem feito parcerias com consulados do Canadá, França (com a Cinemateca Francesa também), Suécia e distribuidoras como Paris Filmes, Vitrine Filmes, Imagem Filmes, Elo, etc. Nas duas últimas edições recebeu inscrições de filmes de países como Portugal, Colômbia, Costa Rica, Argentina, Uruguai, sendo o primeiro festival do litoral paulista e contar com mostra internacional.
Em todas as edições realizou uma Virada Cinematográfica na Cinemateca de Santos, geralmente de sexta para sábado, iniciando 23h30 e indo até a manhã do dia seguinte, exibindo três filmes em sequência e com café da manhã gratuito para quem fica até o fim.
Em 2018, estabeleceu parceria com cidades criativas da Unesco e teve como um dos temas os 17 objetivos sustentáveis da Agenda 2030 da ONU.
Em 2019, iniciou uma parceria com a Mauricio de Sousa Produções, com um Cantinho da Leitura reunindo mais de 1500 gibis que depois do festival foram doados para creches da região – parceria esta que tem se repetido em sessões natalinas e filantrópicas.
O SFF foi o primeiro festival é realizar e manter uma mostra competitiva de longas, no estado de São Paulo, fora da capital e o primeiro da Baixada Santista a tratar dos 17 objetivos sustentáveis da ONU.
Em 2020 e 2021 foram realizadas 3 edições virtuais, reunindo centenas de produções que foram vistas nos cinco continentes. A primeira de 2021, por sinal, foi voltada só a filmes dirigidos ou produzidos por mulheres, com mais de 70 produções.
Em 2022 o festival voltou ao presencial com sucesso, com sessões ao ar livre, na Praça do BNH, em creches, ONGs, escolas públicas, programação formativa, palestra online com o roteirista premiado Bráulio Mantovani, e diversas atrações.
Na parte formativa, de palestras, bate-papos, workshops, o festival contou com cineastas, atores e atrizes, produtores, professores, curadores, roteiristas, críticos de cinema e jornalistas como Adelia Sampaio, Sergio Rezende, Julia Rezende, Bráulio Mantovani, Paula Barreto, Ferrez, Ismail Xavier, Fabio Rodrigo, Lufe Steffen, Diego da Costa, Elder Fraga, Ondina Clais, Luciano Quirino, Luiz Carlos Merten, Rubens Ewald Filho, Rodrigo Aragão, Waldemar Lopes, Julia Katharine, Jamer Guterrez de Mello, Rogério Ferraraz, Tamiryz Ohana, Sílvio Tendler, Andrea Pasquini, Angela Zoé, Daniel Veiga, Jacque Cortez, Ivan13P, Rodrigo Rema, Wladimyr Cruz, Delson Matos Gomes, Camila Kater, Paola Becca (Stop Motion Our Fest), Barbara Cerro (BIT BANG Fest), Marcos Magalhães (Anima Mundi), Tammy Weiss, Márcia Okida, Lufe Steffen, Maristela Bizarro, Nágila Guimarães (WIFT Brasil), entre muitos outros.
SANTOS E O CINEMA
A relação da cidade com o cinema nasceu em 1897, com sua primeira exibição cinematográfica, e, a partir daí, os santistas se apaixonaram pelo cinema, chegando a ser a cidade com maior número de salas por habitante do Brasil nos anos 30, a famosa “Cinelândia” – hoje tem 18 salas comerciais e 5 públicas de cinema, além de cineclubes, e cursos de graduação e pós-graduação em audiovisual.
Na Baixada Santista, importantes festivais pavimentaram o caminho, como o Festival de Guarujá, nos anos 70, e o Festival de Cinema Brasileiro de São Vicente, na virada do século. Três profissionais foram fundamentais para que Santos desenvolvesse tal cultura cinematográfica: o francês Maurice Legeard, fundador do Clube de Cinema e depois da Cinemateca de Santos, que promoveu a questão da cinefilia e trouxe filmes de várias partes do mundo até então inéditos na região, o crítico de cinema Rubens Ewald Filho, batalhador da preservação da memória cinematográfica e que levou o nome de Santos ao país, e Toninho Campos, do Cine Roxy, cuja história consiste em apoiar cineastas locais, festivais, receber pré-estreias com presenças de grandes nomes do cinema brasileiro. O Santos Film Fest A partir destes três toda a cultura cinéfila e cinematográfica de Santos cresceu e muitos projetos tem acontecido. O SantosFilmFest é herdeiro dessa cultura e presenteou a Baixada com um festival internacional apresentando longas-metragens e sua maior edição foi em 2018, com mais de 100 filmes – pela primeira vez na região um festival apresentou programação tão extensa.
O 9 SantosFilmFest – Festival de Cinema de Santos é realizado pelo Instituto CineZen Cultural, com apoios de emendas parlamentares de vereadores de Santos e apoios culturais de Cine Roxy, Novotel, Restaurante Beduíno, Cantina Di Lucca, Padaria Nova Princesa, Mauricio de Sousa Produções, Gardênia Flores e Rizzieri Eventos. A direção é dos produtores André Azenha e Paula Azenha. Outras informações: www.santosfilmfest.com, www.youtube.com/santosfilmfest, www.facebook.com/santosfilmfest e www.insstagram.com/sa
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